"O sorvete é morango - é vermelho
Oi, girando, e a rosa - é vermelha
Oi, girando, girando - é vermelha
Oi, girando, girando - olha a faca! "
Tenho um projeto antigo de ilustrar músicas. Nada de animação, nada de video, nada de quadrinhos. Um quadro, um frame, uma imagem só. Tá aí a graça, condenesar tudo num momento significativo e suficientemente dramático sem apelar para a "fotografia" do momento.
Como? Exemplifico... em 'Domingo no parque' nosso ilustre ministro brinca o tempo todo traçando paralelos entre os elementos que estão 'em cena'. A roda gigante e a (roda de) capoeira, o sorvete e o coração gelado, o morango e o sangue e por aí vai. Simplesmente tudo está ali pra bagunçar, picotar e dramatizar a narrativa aproximando e afastando seus personagens. Qual seria a alternativa imediata? José e sua expressão de espanto/surpresa/decepção ao ver Juliana, seu sonho, e João, seu amigo, na roda gigante tomando sorvete. Segundo a minha proposta, José, o sorvete, a rosa, o espinho, a feira, a construção, as brincadeiras e confusões, tudo estaria ali e nada precisaria estar explícito. Loucura? Talvez, mas se é pra retratar o momento de desilusão máxima de uma pessoa tão bem humorada, momento que o leva a insanidade, eu prefiro apelar para a loucura.
Tentar entender a motivação do personagem central... e passar todo esse drama. Em uma imagem. Vai dizer que não é um desafio sensacional com fontes inesgotáveis de novos trabalhos?
Bom, você dirá, mas e daí? O maior desafio seria (e foi) fazer com que pessoas diferentes, com formações pessoais, profissionais, culturais e sei lá o que mais diferentes fizessem a mesma música. A diversão disso tudo? Interpretação. Interpretações. Inúmeras. Que tal?
Para ler: 'Domingo no parque' Gilberto Gil (1967)
Para ouvir: Gilberto Gil - Domingo no parque
Foto: Mário Luiz Thompson - 1978
10 de março de 2008
musicar imagens e imaginar músicas
Posted by Bruno Simões at 9:14 AM 1 comments
Labels: gilberto gil, música
30 de janeiro de 2008
Mim quer design
"Mim quer tocar
Mim gosta ganhar dinheiro
Me want to play
Me love to get the money"
Alguns não lembram desta pérola do cancioneiro popular lançada pelo Ultraje a Rigor. Na minha opinião é um divertido exemplo de crítica ao lado capitalista da música e à copia de um modelo americano, nas duas últimas décadas do século passado viveu-se uma exaltação ao rock nacional.
O que isso tem a ver com design? O dinheiro, claro! Durante toda a faculdade, após a conclusão e até hoje ouço uma frase com a frequência de um mantra: "design não dá dinheiro". Será?
Apesar de participar das brincadeiras sempre fiz quesão que o design não dava dinheiro pra mim (então estudante universitário e duro) mas que tinha gente ganhando dinheiro com isso, sim senhor.
Porque essa desvalorização do design? Não sei se isso mudou hoje mas há 8 anos atrás quando entrei na faculdade (eita!) o sujeito que prestava vestibular pra design gostava do assunto. Dos alunos que entraram no longínquo campus da UFRJ naquele ano não vi ninguém escolhendo carreira como caminho para fama e fortuna. Ou seja, quer impressionar a sua vó, sua sogra? Faça direito, medicina, engenharia... ao se apresentar como designer você ganha uma oportunidade de explicar o que faz.
Falta ao designer participar. Falta ao designer entender o cliente (aqui um parêntesis pra explicar que existem os ruins são os que não pagam e não os que não sabem o que querem. o profissional tem que abrandonar de uma vez os melindres). Falta ao deisnger administrar. Tempo e dinheiro. O seu e o dos outros. Falta ao designer aprender a errar. Falta ao designer ser o cara e não se portar como se fosse. Falta ao designer dizer 'não sei mas vou correr atrás'. Ser designer é transformar a adversidade em recurso.
Ou então que se mude para as artes.
Posted by Bruno Simões at 4:29 AM 1 comments
28 de janeiro de 2008
Levo fé que esse seja um caminho legal para a sustentabilidade.
Mas não creio nem um pouco num bom futuro com esse pensamento. Explico.
Pensar em produtos e propostas para um mundo sustentável vai mais além do que gastar 2 litros de água no banho ou passar a andar mais de bicicleta. Seria muito superficial pensar nisso, é colocar a responsabilidade nos objetos, consequentemente retirá-la de nós.
Não creio que dessa maneira teremos um mundo mais harmonioso.
A idéia de "Green is Green" é falsa. Tão falsa quanto Al Gore, então ex vice presidente do país que mais desgraça trouxe ao planeta e que em seu mandato junto ao então presidente não assinaram nenhum tratado ou acordo tal qual Kioto, e hoje faz um vídeo ridículo, assumindo a mesma postura que sempre teve diante da Casa Branca, descolando junto a ONU, um Prêmio Nobel da Paz. Ou então, vir ao meu país propor a criação de ONG para despoluir o céu de São Paulo...
Não, definitivamente, não dá pra crer num progresso assim.
Quando empresas dizem: Ser ecológico vende mais... Sim, é certo, mas não pensem que isso modifica o planeta. A postura deve mudar, o pensamente deve mudar. A sustentabilidade vai contra o consumo, portanto contra o capitalismo e todas as empresas. Isso é fato. Estou certo de que o princípio oficial da história do Design está mais próximo de uma postura ecologicamente correta do que hoje.
Pensar em produtos ecologicamente corretos é mudar completamente a visão de mundo. Ir de encontro ao cosumo exagerado e inútil, ou seja, ir de encontro ao sistema.
Por isso eu, você e todos os que participam de uma sociedade consumista, não vamos mudar nem melhorar o planeta com produtos que gastem menos água ou leis autoritárias que incentivem lâmpadas fluorescentes...
Mas, retomando o início do texto... Levo fé. Pode ser um caminho pra daqui há uns 200 anos entenderem que o que deve mudar não são os objetos palpáveis fora do corpo, mas o invisível que nos habita.
Posted by Zin at 3:18 AM 1 comments
30 de novembro de 2007
Não deu
Não deu pro nosso representante brazuca no Electrolux Design LAB. Os vencedores estão no blog do evento.
Posted by Bruno Simões at 5:43 AM 0 comments
Labels: concurso
28 de novembro de 2007
Design Lab 2007 e a Sustentabilidade Corporativa
Um concurso mundial da Electolux buscava soluções para a casa do futuro e tem um brasileiro na final. O Electrolux Design Lab 2007 anunciará seu vencedor hoje e João Diego Schimansky, estudante da PUC do Paraná, está no páreo com o projeto 'Fog Shower'. O projeto parece interessante e busca utilizar 2 litros de água em um banho normal contra os 26 litros dos chuveiros econômicos atuais.
O site do concurso é bem maneiro com algumas interações interessantes. A proposta da Electrolux é válida e estimula o surgimento de projetos focados na sustentabilidade que ela, como empresa, tem interesse em vender sem deixar de pensar no lucro.
A famosa frase 'Green is green' (acho que é do Immelt) é o paraíso de qualquer empresa: Produtos que sejam ecologicamente corretos que tragam melhores margens (= mais dinheiro) para a empresa.
Essa é a idéia do ecomagination da GE, uma espécie de certificação interna para os produtos com diferencial tecnológico que garantem uma menor impacto no meio ambiente. A parte 'honesta' do projeto é que a empresa, através do seu presidente, do site e etc faz questão de dizer que o objetivo é sim, ganhar dinheiro (afinal de contas ele tem que defender os interesses dos acionistas) mas que é possível fazer isso causando menor impacto ao ambiente. Turbinas mais silenciosas e potentes com menor gasto de combustível, sistemas de ilumiação mais eficientes, geração de energia limpa, tratamento de água... são inúmeros os produtos mesmo que sob rígidas normas internas. O grande desafio é convencer o cliente de que vale a pena pagar mais por isso. Você pagaria?
Acima o 'Fog Shower'.
Posted by Bruno Simões at 3:12 AM 3 comments
Labels: concurso, design, Electrolux, GE, Immelt, sustentabilidade
26 de novembro de 2007
Cow Parade
Seguindo os paços das obras de arte blank style, ou no popular: telas em branco pra você fazer sua própria obra de arte; foi lançado o kit Pinte sua Própria CowParade, que vem com uma vaca de cerâmica branquinha e tintas para você soltar a imaginação!!!
Encontrei essa buginganga num site alemão, mas na verdade a vaquinha só encontrei em sites da Dinamarca. Não sei qual a relação da Dinamarca com a Cow Parade, porque de verdade não pesquisei a fundo, mas só vende lá, e custa a bagatela de US$ 45. Mas no momento tá em falta, sinal de que a brincadeira deu certo mesmo!!!
Posted by Zé at 4:42 PM 0 comments
22 de novembro de 2007
As sincronicidades do mundo do design
Este post que começa a ser escrito agora com a intenção deliberada de ser louco. Uma espécie de "Um dia de Mpenna" (esse cara deveria ter um verbete no wikipédia!), mas é apenas uma pequena que tenta simular como funciona o raciocínio não linear, não lógico e nada ortodoxo de um dos grandes exemplos do 'design ponta esquerda' do nosso tempo.
Por falar nisso já escreveram no Wikipédia? Em um artigo recente chamado Referência fast-food a revista Carta Capital põe a confiabilidade das informaçoes do wikipédia em cheque e, pior, afirma que alunos cada vez mais confiam na primeira fonte que encontram pra trabalhos escolares (nos mais diversos níveis) e, basicamente usam o power ctrl+c ctrl+v. Resultado: não apredem nada porque nem tem o trabalho de copiar tudo pra um outro papel é só ctrl+p e correr pro abraço.
Uma pesquisa chamada Novos consumidores encomentada pela Editora Abril à Box 1824 afirma que para o jovem aquela conversa sobre Era da Informação ficou pra trás e hoje estaríamos na Era da Seleção (não a brasileira pq convenhamos anda meia boca pra caramba). Ou seja, todos eles tem acesso a esse mar de informação onde o diferencial é saber qual é 'a boa'. A pesquisa é bem ampla, traz diversos 'depoimentos' e mostra um jovem não idiotizado.
Interessante que os artigos concordam com o maior prolema da internet: muita informação com pouca confiabildiade. Só que os 'Novos consumidores' teriam um perfil de buscar uma boa fonte e se manter fiel a ela (em geral um amigo que conhece do assunto, um blog especializado, etc.) e a 'Carta' diz que exatamente o contrário: o jovem se agarra à primeira fonte aparentemente confiável e não busca mais nada pra fazer a tal 'prova real' (lembram dela?).
De onde você tira suas informações? Você é um profissional/estudante/curioso que pesquisa? Web 2.0 é um conceito viável ou é só historinha pra vender uma imagem corporativa pseudo interativa? Seria a pasteurização da informação em escala industrial? A ausência de confiabildiade das 'fontes' na internet é um caminho sem volta?
-> Você sabia que Joseph Climber é a terceira opção de resposta do Google para a palavra 'qualidade'?
O caminho natural agora seria emendar numa das muitas possibilidades de mercado para o povo empreendedor do Google mas outras notícias me chamaram mais atenção:
1 - Vendas do PlayStation 3 dobram nos EUA após corte de preço
2 - Principal rival do Windows Vista é o XP
3 - TV Digital estréia no dia 2, mas conversores ainda não estão à venda
Então PS3 (como o PS2) saiu de fábrica com problemas e só foi ganhando confiabilidade com o passar do tempo. Assim como o XP que foi a farra dos vírus e hackers durante um bom tempo até o surgimento do pacote de atualização salvador chamado sevice pack 2. Agora as empresas que fabricam o set top box (o tal do conversor de sinal) no país não tem produto pra vender no lançamento da tecnologia mais comentada por aqui, a TV digital. E aí fica a dúvida: tá virando moda lança produto hiper caro e ultra meia boca e ir melhorando com o passar do tempo?
Desde Gutemberg o conhecimento vem se tornando acessível às massas numa velocidade cada vez mais impressionante. Tá na hora de desacelerar pra ganhar qualidade?
Posted by Bruno Simões at 3:54 AM 0 comments
Labels: carta capital, design, google, tv digital, web2.0, wikipedia